quarta-feira, 4 de março de 2009

O leitor




O filme O Leitor aborda uma questão ainda muito atual, apesar de se passar num cenário pós-guerra.
O envolvimento sexual entre adultos e adolescentes ainda choca e continua sendo alvo de muita polêmica.
Até que ponto podemos ponderar tal questão pelo parâmetro do certo e errado, quem estabelece essa relação e define o que é o quê? Será que o poder público através de suas leis – muitas vezes contraditórias – é capaz de julgar o que realmente é moral ou amoral e atender aos anseios de uma população multifacetada como a atual?
Nos deparamos todos os dias com casos de “senhores distintos” se aproveitando de crianças indefesas. Por outro lado vemos meninas e meninos iniciando sua vida sexual precocemente, mal entram na adolescência e já têm uma vida sexual ativa.
São duas – ou mais – realidades decorrentes de uma banalização da sexualidade no mundo contemporâneo.
Certo, se por um lado abusar de uma criança é pedofilia, é um crime brutal e aterrorizante, há a questão da relação entre pessoas “maior” e “menor” de idade, que perante a lei – e muitas vezes perante a sociedade – também é uma atitude reprovável. Será que sempre que tal situação ocorre, ocorre sempre à margem da moralidade? Será que o veredicto terá sempre que ser desfavorável ao réu – o indivíduo possuidor da maioridade? E que esse relacionamento será imutavelmente baseado no aproveitamento do menor pelo maior? Será mesmo que não pode haver sentimento, recíproca, afeto? Ou quem sabe possa haver sim uma troca de interesses, o filme retrata bem tal situação: o Jovem personagem de David Kross se beneficia sexualmente de uma mulher madura encenada por Kate Winslet e esta se beneficia com o mundo das letras através do “menino”, e só a partir dessa relação de troca de interesses é que surgem os sentimentos.
São pontos que devem ser ponderados com muita cautela, até quando vamos julgar os atos de alguém ou deixar de julgá-los pela idade que está impressa no seu documento de identificação. Os jovens não podem experimentar o amor, a paixão? Ou são os maduros que não o podem mais? Qual é a idade limite pra que possa haver sentimento entre duas pessoas? As indagações vão além: porque os pesos e a medidas são aplicadas de diferentes formas para homens e mulheres e, por exemplo, ao perceber um homem mais velho ao lado de uma moça mais nova isso não causa espanto, nem arranca olhares e pensamentos maldosos, mas olhares reprovadores são lançados sobre um casal de namorados em que o contrário acontece – o mais jovem sendo o homem.
É muito intrigante como no mundo Ocidental e moderno as pessoas ainda não conseguem perceber e aceitar que o sentimento vai além da idade, sexo, credo, raça, ainda preferem acreditar que quando há uma certa disparidade – etária, étnica, financeira... – os relacionamentos não possam ser baseados no afeto mútuo e sim na troca de favores ou interesses individuais.


Pessoas queridas, de vez em quando os temas vão variar (agora este é o mundo que me cerca beijossss) ainda tenho que prepara 10 desenhos pra amanhã... rs

4 comentários:

Anônimo disse...

Estou querendo assistir este filme, na vida real isso sempre vai chocar, pq fica parecendo uma relação assim meio pedófila, é estranho.

Talma disse...

Ah, questionamentos bons...o problema desses relacionamentos e o paralelo que vc traçou, é basicamente, a questão da idade do mais novo.
Um cara de 40 e uma menina de 12, pode? Acho que o choque ocorre por conta da presumida imaturidade de um.Por essa razão, as leis que "presumem" crime.
Por outro lado, vemos casos de homens bem mais velhos e mulheres bem mais novas( e vice-versa), cuja diferença permitiria que ele fosse seu pai/mãe. Ela/ele é maior? Pois que se amem e que seja eterno enquanto dure.
Para essas questões, recorro a Martha Medeiros...rssss.
Bom tê-la de volta.
Beijocas!!

Chez POPI disse...

Realmente um assunto polêmico, as vzs penso exatamente como vc...mas em outras o pensamento empaca e não vai mais longe. Não sou puritana não!!! muito pelo contrário, sou super a favor do amor...mas tem de ser verdadeiro.
Atualmente o que vemos são relacionamentos sem base, sem pé nem cabeça, cheios de interesses, vazios e pouco duradores.
by the away... cada um é cada qual....
bjus e amei o post, muito bem escrito
POPI

Chris - da Chria disse...

Adoro sempre que consigo estar aqui, lendo seus posts...
quanto aos temas - acho ótimo variar - você aborda muito bem!
Bom, concordo com você quanto aos sentimentos desintentidos pela sociedade - é muito preconceito que camufla o que realmente é...
o erro, acho que está na preocupação com o outro, e menos consigo mesmo,né?!
Bjos e ótima semana
Chris

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